sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O QUE A CIÊNCIA TEM A DIZER ACERCA DA MELHOR FORMA DE TREINAR O SEU CÃO




Por Lynne Peeples Novembro 12, 2009

Treinadores de cães debatem se carinho e atenção são formas melhores de controlar a sua matilha do que a força e dominância

CONSEQUÊNCIAS DO USO DO MÉTODO POSITIVO

Antes de se tornar uma treinadora profissional, Jolanta Bental de Brooklyn NY aprendeu a diferença entre métodos positivos e puntivos pessoalmente.

O seu cão Mugsy, tinha uma “atracção” especial por homens de uniforme. Quer estivessem com o uniforme da UPS ou dos correios nacionais, o cruzado de pitbull da Benal atirava-se a eles se os visse na rua. Então ela contratou um treinador altamente recomendado para que o comportamento fosse corrigido.

“Ele colocava o Mugsy na situação que iria provocar o comportamento, e depois atirava uma lata cheia de moedas na direcção do cão” ela conta. “Era uma técnica da velha guarda, uma técnica tradicional e resultou para suprimir o comportamento problemático – pelo menos no momento”. A obsessão do Mugsy pelos homens de uniforme no entanto não se alterou. Mesmo que ele nem sempre saltasse em direcção a um homem de uniforme na rua, ele continuava a detestá-los.


Benal então contactou um outro treinador que trocou a lata das moedas por pedaços de galinha. Quando os homens de uniforme se aproximavam, o treinador disse a Benal para distrair o cão com um pedaço de galinha. E funcionava. Após várias sessões, o cão começou a olhar para ela expectante ao invés de olhar para os homens de uniforme. “Durante o último ano da sua vida, Mugsy era um anjo”, diz Benal, “a mudança era incrível”.

Millan diz que usar comida para treinar cães é pouco prático: “Pode resultar num cão viciado em comida ou num cão gordo” ele diz num email. No entanto, o professsor Dodman da Universidade de Tufts diz que os treinadores apenas usam comida no início do treino. Após o início do treino o reforço deverá ser intermitente. “ Se cada vez que você jogasse a lotaria lhe saísse dinheiro, a expectativa desapareceria”, diz Dodman, “a excitação para o cão é, será que é desta que irei ter uma recompensa? . Dores nas costas de se agachar para dar pedaçinhos de comida ao cão, ou o gasto extra em pedaços de galinha ou guloseimas para o cão, são, segundo Dodman, muito menos pesados do que a ansiedade e relacionamento deterioriados resultantes do uso da alternativa, que são os métodos punitivos.

Dodman também tem factos que o apoiam nestas afirmações. Em Fevereiro de 2004, foi publicado um estudo na revista Animal Wellfare por Elly Hilby e os seus colegas da universidade de Bristol, que comparava pela primeira vez a eficácia no uso de métodos positivos vs métodos punitivos. Os resultados indicaram que os cães eram mais obedientes quando treinados com recompensas. Quando, por outro lado, eram punidos, a única diferença residia no número de comportamento inadequados que os cãe apresentavam.


Uma série de estudos mais recentes também apoiam a teoria de Dodmann e os resultados de Hilby. Um outro estudo publicado em 2008 no Journal of Veterinary Behaviour determinou que o uso de reforço positivo correspondia ao menor número de respostas relacionadas com medo e com comportamentos de procura de atenção, enquanto que comportamentos agressivos eram signficativamente maiores nos cães dos donos que usavam punições. Outro estudo de 2008, este publicado no Applied Animal Behaviour Science, mostra que o uso de métodos positivos obtém melhores performances nos cães do que aqueles treinados com métodos punitivos, por treinadores da escola militar Belga.

AS DIFERENÇAS

É difícil imaginar que os mais lentos e pacientes métodos positivos obtivessem o mesmo tipo de dramatismo visto nos shows de Cesar Millan. Existe uma diferença enorme entre ver um comportamento como um “Pára isso” versus um “Isto é o que eu quero”, diz Bruce Blumberg, um professor de ”psicologia canina” na universidade de Harvard. “Reforço positivo é todo um estado mental diferente. E um que não resulta muito bem para programas televisivos de entretenimento”.

Dodman é um de muitos que pediram à National Geographic para descontinuarem o programa “ O Encantador de Cães”, um dos programas televisivos nacionais com maior audiência a nível nacional. A
American Humane Association publicou uma declaração pública em 2006 pedindo o cancelamento do programa alegando o uso de técnicas consideradas abusivas por Millan. Mais recentemente, a American Veterinary Society of Animal Behaviour também publicou uma declaração pública declarando as suas preocupações “ com a crescente reemergência da teoria da dominância e o forçar de cães e outros animais à submissão como forma de prevenir e corrigir comportamentos”.

Millan defende os seus métodos, dizendo que “usa apenas a força necessária para corrigir ou prevenir um comportamento”.De acordo com o “reabilitador” de cães, ele consegue “ redireccionar o comportamento da sua matilha apenas com a sua linguagem corporal, contacto visual e energia”. Ele fala das milhares e milhares de cartas que recebe de pessoas que falam no milagre de cães reabilitados e “salvos”. O que eu quero é apenas o melhor para o cão, diz Millan.

Apesar da controvérsia existem muitos pontos com os quais todos concordam. Ambos espectros de treino concordam que a falta de disciplina ou estrutura não é indicada para um cão “bem comportado”. “Cães precisam de regras e limites, tal como nas relações humanas”, afirma Haggerty treinador com escola própria em Manhattan, que usa a teoria da dominância. “ Se os cães não souberem onde estão os limites ele criarão caos”.

Como os donos de cães projectam esses limites é importante. “Você tem que ser calmo e claro, tem que ser consistente e tem que se assegurar que vai encontro às necessidades do seu cão: exercício, brincadeira e contacto social”, diz Herron da Universidade do estado de Ohio.

Mas então o que deve fazer um dono, cujo ambiente estruturado e calmo mesmo assim cria um cão como o Jonbee? Deverá ser a trela e mão, ou a galinha e paciência que mudam este cão? A ciência defende a galinha e paciência. Mas seja lá qual fôr a estratégia que decidir usar todos concordam que o timing tem de ser perfeito. É muito dificil para um cão fazer a associação correcta seja com uma recompensa ou com um castigo quando o timing é incorrecto.

Claro, se fôr a uma aula na universidade de Harvard para o curso de comportamento canino, o professor Blumberg dir-lhe-á “ Se o se timing fôr mau e você estiver a usar métodos positivos, o pior que pode acontecer é ter um cão mais gordo”.

1 comentário:

Unknown disse...

Que ótimo artigo! Informações muito
oportunas, já que a popularização de programas de televisão estão mascarando o estrago que castigos e punições podem(e costumam) causar nos
animais domésticos. Espero que seu Blog seja muito visitado. Assim, irá provocar novas reflexões num grande número de pessoas.